sábado, 9 de abril de 2011

Deputados dizem ter mais que sobrenome.

Herdeiros políticos, parlamentares paraibanos afirmam que parentesco ajuda na primeira eleição, mas que eles sobrevivem graças a projetos próprio.
Parlamentares paraibanos vindos de famílias de políticos admitem que ter um sobrenome famoso ajuda, sobretudo, na primeira eleição. Mas, para sobreviver politicamente, é preciso ter projeto próprio, segundo os deputados ouvidos pelo Congresso em Foco.Neto de políticos por parte de pai e de mãe, Hugo Motta (PMDB) afirma que a tradição familiar na política contribuiu para a sua eleição. Aos 21 anos, o mais jovem parlamentar da atual legislatura conta que, desde criança, tem a política como parte de sua vida.
Mas, apesar da afinidade e da ligação política com os parentes, Hugo considera que empunha bandeiras diferentes e “mais atuais” do que as defendidas por seus familiares. “Algo de novo, temos. Os tempos são outros, vivemos num período de crescimento, então os problemas vão mudando”, afirma. Filho do prefeito de Patos (PB), Nabor Wanderley, Motta conta que, quando criança, “tomava café da manhã, almoçava e jantava política” e que foi essa atmosfera que o levou a se eleger. “Você participa e vai acontecendo. O reconhecimento por ter parentes que prestaram um bom serviço ao estado, especialmente no Sertão da Paraíba, vem das urnas. Foi matemática e química para atingirmos o êxito”, afirma o parlamentar mais jovem do Congresso. A influência da “questão genética” também é reconhecida pelo deputado Ruy Carneiro (PSDB). Sobrinho-neto do ex-governador e ex-senador Ruy Carneiro e do ex-deputado Janduhy Carneiro Sobrinho, Ruy afirma, no entanto, que a tradição de sua família não teve uma sequência, uma sucessão de pai para filho, por exemplo.
Carneiro atribui sua primeira eleição a deputado federal à própria trajetória. “O meu nome ser igual ao do ex-senador Ruy Carneiro não deixa de ser uma referência positiva. Na primeira eleição, acho que teve mais influência. Mas já fui vereador, deputado estadual por três vezes e agora deputado federal. A tradição familiar na política contribuiu, mas não tanto pela distância, não houve uma sequência de geração”, afirma Carneiro. Ruy Carneiro governou o estado na década de 1940 e passou quase 30 anos no Senado.
História própria
Para o deputado Romero Rodrigues (PSDB), primo do ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima (PSDB), a simples observação sobre a influência de parentesco na política pode prejudicar pessoas que têm uma trajetória política própria. O parlamentar reconhece que há casos de político eleitos “exclusivamente pela questão familiar”, mas afirma que não é esse o caso dele.Primo do vereador de Campina Grande Rodolfo Rodrigues e sobrinho do ex-vereador da cidade Antônio Rodrigues, Romero afirma que cresceu na política por saber escrever “sua própria história”. “Tenho muita honra de ser parente de Cássio. Mas fui vereador quatro vezes, deputado estadual e depois deputado federal. O parentesco tem, mas você tem que escrever sua própria história”, diz. Ele também é sobrinho por afinidade do ex-governador Ronaldo Cunha Lima, pai de Cássio.Na avaliação de Romero Rodrigues, a influência de parentes na política ajuda quando há um exemplo bem sucedido na política. “O Ronaldo, por exemplo, tem um exemplo bonito de realizações. Isso, de fato, ajuda, porque eles terminam sendo bons exemplos, e as pessoas te vinculam aos bons exemplos, mas graças a Deus tenho a tranqüilidade de dizer que tenho uma história de bastante trabalho e reconhecimento do povo”, diz Romero Rodrigues.
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