
A
mãe de Mércia Nakashima, Janete (à direita), chega ao Fórum de
Guarulhos, na Grande São Paulo, para o primeiro dia de julgamento do
advogado e policial militar reformado Mizael Bispo de Souza, nesta
segunda-feira (11). Durante o depoimento do filho Márcio, a primeira
testemunha chamada pela acusação, Janete balançou a cabeça, chorou e
chegou a fechar os olhos e apertar as mãos, como se fizesse uma oração Leia mais Diogo Moreira/Frame/Estadão Conteúdo. Mizael foi condenado por um júri de cinco mulheres e dois homens. Esse
foi o primeiro júri do Estado –o segundo do Brasil, depois de um
realizado em Rondônia –a ser todo transmitido em tempo real via rádio e
internet. Ao todo, os jurados analisaram seis quesitos para responder sim ou não e
decidir se o policial reformado era ou não culpado pelo crime. Entre
eles, figuraram, por exemplo, se o réu "concorreu para o crime", se "o
jurado absolve o acusado?" e se o crime foi praticado "por motivo torpe,
em razão da insatisfação com o rompimento" do relacionamento amoroso.
Ainda foi questionado aos jurados se houve emprego de "meio cruel" à
vítima. Eles se rreuniram para decidir às 16h25. Além do policial reformado, também é acusado pelo crime o vigia Evandro
Bezerra da Silva, que está preso no presídio de Tremembé 2 e vai a júri
popular em 29 de julho deste ano. Inicialmente, ele seria julgamento
com Mizael, mas o júri foi desmembrado a pedido da defesa de Bezerra,
que alegava tese conflitante entre os dois acusados. Todos os jurados ouviram os depoimentos de nove testemunhas –cinco
da acusação, três da defesa (que dispensou outras duas) e uma do juízo– e
do réu, interrogado nessa quarta-feira (14) apenas pela defesa, uma vez
que o promotor do caso, Rodrigo Merlin. Entre os depoimentos, se destacaram o de Márcio Nakashima, irmão da
vítima, do delegado Antonio Assunção de Olim, responsável pela
investigação do caso. Ambos foram arrolados pela acusação. Márcio, primeira testemunha a ser ouvida no júri, na última
segunda-feira (11), chorou em vários momentos das cerca de quatro horas
em que depôs e discutiu rispidamente com os advogados de Mizael, os
quais acusou de macular a reputação da advogada, e acusou o réu de ter
se "transformado" no segundo ano de namoro com a advogada. "Mizael era muito ciumento, possessivo e se transformou. Ele ligava
várias vezes para a Mercia", afirmou Márcio, que, alegando medo, pediu
para que Mizael fosse retirado do plenário durante o depoimento. Como é
advogado e trabalha em sua própria defesa, o réu pediu para continuar na
sala, mas o juiz negou.
Relembre o caso Mércia. Delegado derruba álibi. Já o delegado do caso, ouvido na terça (12), derrubou a tese do réu de
que teria se encontrado com uma prostituta no momento em que a advogada
era assassinada em Nazaré Paulista. Mizael alega que, na noite do crime, esteve por quatro horas com uma
prostituta, dentro de um carro, em frente ao Hospital Geral de
Guarulhos. "Ele não sabia o nome da mulher e, só depois de muita pressão, lembrou a
cor do cabelo. Depois deu apenas R$ 20. Além do que, é estranho transar
em um lugar de tanto movimento, sem chamar a atenção", disse o
delegado, que foi taxativo aos jurados: "Eu não tenho dúvida nenhuma de
que Mizael matou a Mércia", declarou. Depoimentos de peritos. Tanto defesa quanto acusação também lançaram mão de peritos para testemunhar em plenário.
O perito explicou que a terra encontrada no sapato de Mizael não era
compatível com a encontrada na represa de Nazaré Paulista, onde o corpo
de Mércia foi encontrado. "A quantidade de terra encontrada era pequena, mas dá para afirmar que não era compatível", disse Outro perito do caso, o biólogo Carlos Eduardo Bicudo, ouvido como
testemunha no primeiro dia de julgamento, disse que algas não se fixam
na terra, e sim, em um substrato. Por isso, a terra e a alga encontradas
no sapato de Mizael podem ter vindo de locais diferentes.
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