sábado, 15 de janeiro de 2011

Ditador tunisiano chega à Arábia Saudita após abandonar seu país

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS.
O ditador tunisiano, Zine El Abidine Ben Ali, 74, chegou na noite de sexta-feira à cidade de Jidá, na Arábia Saudita, após ter sido obrigado a abandonar o país africano pelo agravamento dos violentos protestos contra seu governo, informou a Casa Real saudita em comunicado divulgado pela agência estatal "SPA".
Ditador foge da Tunísia após 23 anos à frente do poder; premiê assume governo. Na nota, o governo da Arábia Saudita diz que devido às excepcionais circunstâncias que vive o povo da Tunísia, onde o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi, assumiu a Presidência interina, "Ben Ali e sua família foram recebidos no país".  O chefe de Estado tunisiano deixou seu país na sexta-feira com rumo desconhecido, e inicialmente foi especulado que teria ido a Malta ou à Itália, países que negaram que Ben Ali estivesse em seu território.  O Executivo saudita expressa no comunicado seu desejo de que "a segurança e a estabilidade" voltem à Tunísia, onde há um mês começou uma onda de contestação social sem precedentes. Milhares de pessoas saíram às ruas da capital Túnis devido à crescente insatisfação com o alto índice de desemprego no país e as denúncias de corrupção. Dezenas de pessoas morreram durante os protestos.  O ditador havia tentado, sem sucesso, conter a revolta da população nas ruas, declarando estado de emergência e toque de recolher nesta sexta-feira. Ele também havia prometido dissolver o governo, convocar eleições antecipadas e não se candidatar à reeleição em 2014. 
Colônia francesa até 1956, a Tunísia foi governada por Habib Bourguiba até 1987, quando Ben Ali tomou o poder em um golpe de Estado. Embora jamais tenha sido uma democracia, o país do norte da África ostenta uma forte economia, tem um dos melhores índices de desenvolvimento humano do continente e é visto como uma das nações mais seculares do mundo árabe.  Ben Ali derrubou Bourguiba alegando que ele era "incompetente" e havia se tornado "muito velho, senil e doente" para governar. Ele prometeu que, durante seu mandato, "abriria os horizontes para uma verdadeira democracia". No entanto, após um breve período de reformas, a evolução política do país estagnou. Sob o governo do ditador, grande parte dos partidos de oposição eram considerados ilegais. De acordo com a Anistia Internacional, autoridades se infiltravam em grupos de defesa dos direitos humanos e perseguiam os dissidentes. O grupo Repórteres sem Fronteiras descrevia Ben Ali como um "predador da imprensa", que controlava a mídia com mão de ferro.  Em várias ocasiões, ele venceu as eleições no país com base em resultados suspeitos: em 2009, ele foi reeleito para seu 5º mandado com 89% dos votos. Antes disso, ele havia alertado opositores que enfrentariam retaliações legais caso questionassem a legalidade da votação. 

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