Ao menos 10% dos cerca de 17 milhões de assinantes da TV paga no Brasil
em todas as modalidades usa um aparelho "decoder" pirata com o objetivo
de ter acesso a mais canais do que paga em seu pacote com a operadora. A constatação é da ABTA (Associação Brasileira de TVs por Assinatura). A
"pirataria" se faz por meio de equipamentos que são instalados na casa
dos assinantes, em conexões legalizadas. Em outras palavras: o assinante paga, por exemplo, o pacote mais básico
de qualquer operadora. Em seguida, compra na rua ou na internet um
aparelho "decoder" que consegue romper a proteção e o sinal que ele
recebe em sua casa. Instalado o aparelho por um "técnico" enviado pelo
vendedor e "voilà" Como mágica, o assinante passa a ter acesso a todo o cardápio da
operadora, por mais premium que seja: dos caros canais esportivos
Premiere ao pacote HBO; dos mais fechados canais pornôs até os que
exibem lutas de UFC mediante pagamento. E tudo isso pelo valor da
assinatura básica. "Nós calculamos que operadoras e canais tenham hoje no Brasil por volta
de R$ 100 milhões em prejuízo com essa prática", diz Antonio Salles
Neto, 60, vice-coordenador de antipirataria da ABTA. "Estamos muito atentos e preocupados com a curva de assinantes que adquirem esses aparelhos. Ela está crescendo de forma veloz."
PIRATARIA ASIÁTICA:
A compra e a venda das caixas "decoder" são proibidas no Brasil desde
2012. Muitas são projetadas na Coreia do Sul e montadas na China. Elas foram importadas durante muito tempo sob a chancela de serem
"decoders" para antenas parabólicas. Mas os técnicos da ABTA descobriram
um desvio de finalidade para os aparelhos. Apesar da proibição, vários estabelecimentos e comerciantes que ficam na
rua Santa Ifigênia, região central de São Paulo, vendem o equipamento
sem muitas perguntas e ainda indicam um técnico para fazer a instalação. Salles calcula que haja entre 1,6 milhão e 2 milhões de caixas em operação no país. "Se a curva da pirataria continuar no ritmo atual, em cinco anos metade das assinaturas já fará uso dela." O custo desses aparelhos "piratas" caem vertiginosamente. Uma caixa
AZbox "topo de linha", vendida por até R$ 899 há um ano e meio, hoje é
comercializada por R$ 299. Para Salles, a pirataria não é estimulada pelos altos preços dos
serviços e pelo atendimento ao cliente. "A indústria passou, sim, por um
mau momento, mas ela agora está em um nível ascendente, e os preços
também estão melhores", afirma.
COMO FUNCIONA A PIRATARIA:
Opção A:
1- Usuário vai a um centro de comércio pirata ou na internet e adquire
um decoder (caixa) ilegal; é preciso ter uma conexão de Internet no
local de instalação;
2- O vendedor da caixa envia um funcionário que instala o aparelho,
conectando-o à Internet e à fonte de sinal de TV por assinatura usando
"portas" diferente.
3- Pela porta conectada à Internet, a rede pirata fornece, graças a seu
software próprio, a chave de abertura ilegal da programação. Por meio da
rede de uma das operadoras de TV, o usuário recebe o sinal ilegal de
qualquer canal que não faça parte do seu pacote. O usuário recebe o
sinal de TV paga, mas fica online com uma rede privada de dados ilegal
Opção B:
Usuários que não têm acesso à Internet podem "piratear" com a modalidade
de caixa conectada aos satélites por duas antenas. A primeira antena é
apontada ao satélite de serviços de TV por assinatura e uma segunda
antena - menor e dedicada a dados - é conectada a um satélite. Esse caminho é usado alternativamente para fornecer as chaves de acesso
extraídas pela rede pirata. Essa ação, porém, é mais fácil de ser
descoberta e combatida. Operadoras do mundo já conseguem tirá-las do ar.
Opção C:
A caixa pirata usada exclusivamente no caso de TV a acabo similar à
anterior, só que em vez de se conectar à antena de satélite, conecta-se
na rede de cabo. Muitos usuários, para disfarçar, mantêm o pagamento de
um pacote mínimo com acesso à Internet.
Opção D:
A caixa que desbloqueia HD funciona de forma similar, apenas recebendo a chave correspondente ao serviço.
Informações importantes. Todo usuário de decoder (decodificador) ilegal
está conectado a uma rede legal e isso o expõe à Justiça e corre o risco
de ser indiciado por associação para produzir danos a alguém; trata-se
de um crime.
Fonte: ABTA (Associação Brasileiras das TVs por Assinatura)
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