Favorito para assumir a presidência da Câmara a partir do mês que vem, o
deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) dobrou seu patrimônio
declarado à Justiça Eleitoral entre 2006 e 2010. O crescimento --de R$ 2,8 milhões para R$ 5,6 milhões-- se deve principalmente a dois imóveis de luxo obtidos entre 2009 e 2010. Os aliados políticos --assim como o próprio Henrique Alves, que é líder
do PMDB na Casa-- alegam que todo seu patrimônio é fruto da renda que
tem como empresário. Ele declara ter 8,8% da TV Cabugi, retransmissora da TV Globo no Rio
Grande do Norte, cotas do jornal Tribuna do Norte e de uma rádio. Nos últimos dias, o deputado fez um périplo pelo país para promover sua
candidatura --incluindo encontros com os governadores de São Paulo, Rio e
Minas Gerais. Ao mesmo tempo, sofria desgaste diante das revelações da Folha de
que destinou verbas de emendas parlamentares à empresa de um assessor
do gabinete -- Aluizio Dutra de Almeida, que acabou pedindo demissão. Por meio de contratos públicos, R$ 6 milhões foram parar nos últimos
cinco anos na empresa --cuja sede era "guardada" por um bode no meio da
semana passada. Alves nega ligação com essas contratações, ocorridas por meio de prefeituras. O líder do PMDB na Câmara é dono de uma casa a poucos passos do mar da famosa praia de Porto Mirim, nos arredores de Natal. Só um espaço de areia divide a água da suntuosa casa, construída em 2009
num terreno de 2.300 metros quadrados, com suítes, piscina, e espaçosa
área de lazer. Na região, visitada pela Folha na última sexta-feira, qualquer morador sabe: ali é a "casa do deputado". Um dias após a inauguração da casa, ocorrida na virada daquele ano,
Alves se separou da então mulher, Priscila Gimenez. Ela é quem usufrui
hoje do imóvel, vizinho de um restaurante ponto de encontro turistas que
passeiam de buggy pelas dunas. À Justiça Eleitoral, em 2010, ele declarou ser dono de 50% do imóvel, num valor de R$ 965 mil. Ele se negou a revelar à Folha quanto gastou na construção da casa e a origem dos recursos. Segundo corretores da região, o imóvel vale hoje pelo menos R$ 3 milhões. Separado da mulher, Alves adquiriu então uma cobertura de 500 metros
quadrados, com quatro suítes, na ladeira do Sol, na Areia Preta, região
nobre de Natal. Declarou ter pago R$ 2,9 milhões. Segundo registro do cartório de Natal, esse imóvel não foi transferido
para o nome do deputado até hoje. Ele não quis dizer à reportagem os
motivos de ainda não ter feito essa transferência --nem como e quando
pagou pelo imóvel e de quem o comprou. Alves tem ainda outra luxuosa casa de veraneio, esta na praia de
Graçandu, em Extremoz, que de vez em quando empresta a amigos, como o
vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). Em 2006, o deputado declarou apenas os lotes dali, por R$ 15 mil. Na
eleição seguinte, avaliou o imóvel em R$ 815 mil. Informou, na mesma
época, ser proprietário de uma fazenda de 32 hectares em Ceará-Mirim. Alves é o deputado com mais mandatos na Câmara. Tem 42 anos de Casa.
Recebeu apoio de partidos da base do governo e da oposição para a
eleição de fevereiro. OUTRO LADO. O deputado Henrique Eduardo Alves afirmou que seu patrimônio é compatível com a renda que possui. "A movimentação patrimonial e as quatro fontes de renda do deputado
Henrique Eduardo Alves, seja como servidor público ou empresário da
iniciativa privada, se encontram devidamente registradas na Receita
Federal e na Justiça Eleitoral, sabidamente órgãos de fiscalização
imprescindíveis para qualquer homem público", informou sua assessoria. Ele não respondeu a perguntas da Folha sobre detalhes das
aquisições dos imóveis, como os comprou, quanto pagou, de quem os
adquiriu e porque a cobertura não foi transferida a seu nome.
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