Um primo do goleiro Bruno foi morto na manhã desta quarta-feira em Belo Horizonte. De acordo com as primeiras informações, Sérgio Rosa Salles, conhecido como Camelo, estava na rua Aracitaba, no bairro Minaslândia, quando foi atingido por pelo menos seis tiros, por volta das 7h30. Camelo já esteve preso e respondia inquérito por envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio, amante do ex-goleiro do Flamengo.
Caso Bruno: onde estão os personagens do crime?
Veja mais de 30 crimes que abalaram o País:Segundo o pai da vítima informou à polícia, Sérgio era pedreiro e foi morto quando estava saindo de casa para ir ao trabalho. De acordo com testemunhas do crime, o primo de Bruno foi abordado por dois homens em uma moto. Percebendo que corria perigo, ele saiu correndo e foi perseguido pelos suspeitos. Durante a fuga, Sérgio invadiu o quintal de uma casa e, acuado pelos criminosos, foi baleado. Segundo o sargento Célio José de Oliveira, a perícia constatou seis tiros aparentes no corpo da vítima. Os projéteis atingiram o rosto e o peito do pedreiro. "Tudo indica que foi uma execução", disse o sargento, afirmando que a maioria dos tiros foi disparada à queima roupa. Ainda de acordo com o policial, a vítima foi perseguida por cerca de dois quarteirões e pode ter sido atingida por disparos antes de chegar ao local da execução, já que foi encontrada uma marca de sangue a 30 m do quintal onde Sérgio foi morto. A hipótese de execução também é defendida pelo delegado Breno Pardini, responsável pelo caso. "Foi uma execução. A gente agora está com os policiais na região para levantar informações sobre o que ele fez ontem e na semana passada para tentar descobrir a motivação", disse. Familiares que permaneciam no local do crime, chorando pelo ocorrido, não quiseram falar com a imprensa, mas, de acordo com o delegado, eles já começaram a ser ouvidos. Para o sargento Oliveira, a família relatou que Sérgio "não vinha sofrendo qualquer ameaça ou tinha envolvimento com o crime (sumiço de Eliza Samudio)". O local do crime foi cercado por homens da Polícia Civil para a realização da perícia. Curiosos acompanham o trabalho dos investigadores atrás de um cordão de isolamento. Não há informações sobre os assassinos.
Histórico de ameaças:
Em depoimento, pouco mais de um mês após o sumiço de Eliza, Camelo disse ao delegado que havia sido ameaçado por Macarrão, apontado como um dos mentores do crime. O amigo de Bruno teria dito a Sérgio que se ele falasse algo, teria o mesmo fim que Eliza Samudio. Em outubro de 2010, foi a vez do advogado que defendia o primo do goleiro se manifestar, dizendo estar sofrendo ameaças. Marco Antônio Siqueira disse ter recebido ameaças de morte por telefone e anunciou o desligamento do caso. Na mesma ocasião, Siqueira afirmou que seu cliente também havia recebido ameaças e estava chorando muito, mas não soube dizer que era o autor das ligações.
O caso Bruno:
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno. No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo. No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.
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