A Câmara dos Deputados paga R$ 1.495 por almoço do
deputado "parasita"
Benjamin Maranhão. Enquanto isso o INSS nega a um pobre trabalhador rural que
acabou morrendo sem conseguir sua tão sonhada a aposentadoria rural no valor de
01 salário mínimo. R$ 1.495,00 por um almoço em Brasília e pago com
dinheiro público. Se você acha impossível, então leia! Esta não é a
primeira vez e certamente não será a última que falo sobre a Cota para o
Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap). A Ceap é um recurso financeiro
disponível a todos os deputados federais e o seu valor varia de acordo com o
estado de origem do parlamentar. Hoje, para os deputados do Distrito Federal, cabe
o menor valor – R$ 27.977,66. Aos deputados de Roraima, o maior valor – R$
41.612,80.
Mas, para que serve esta verba?
Teoricamente, a Ceap é “destinada a custear
gastos exclusivamente vinculados ao exercício da atividade parlamentar,
observados os limites mensais estabelecidos no Anexo…” (Ato da Mesa 43/2009). O Artigo 2º
do Ato da Mesa 43/2009, no item VI diz que o parlamentar pode utilizar deste
recurso financeiro para custear despesas com refeições. Entretanto, apesar de
não estar explicitado, outras pessoas não podem se beneficiar deste recurso,
como assessores, secretários, amigos e parentes, uma vez que… “Na Administração
Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração
particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração
Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza”. Meirelles (2000, p.
82) Com absoluto descaso ao que é público e sem tomar conhecimento do que
a lei determina, alguns deputados utilizam esta verba para pagar despesas com
refeições não apenas dele. Pelo menos esta é a dedução óbvia que temos ao
comparamos as notas e cupons fiscais utilizados para o ressarcimento (logo apresentarei
outros casos similares).
O
fato:
Nota apresentada pelo deputado garantiu o
ressarcimento depois cancelado pela própria Câmara. Era um domingo,
primeiro dia de fevereiro do ano de 2015. Vários parlamentares se reuniram num
dos mais sofisticados e caros restaurantes de Brasília, o Dom Francisco,
localizado à beira do Lago Paranoá. Um verdadeiro cartão postal. A
reunião tinha o propósito de comemorar a posse dos deputados federais. Alguns
poucos “barrigas-verdes” da política se misturaram às velhas raposas
matraqueadas e sorridentes. Um deles, Benjamin Maranhão (SD-PB), após
ignorar a ética que deveria fazer parte de sua jornada política, resolveu que a
sociedade trabalhadora brasileira deveria pagar a sua conta, a módica quantia
de R$ 1.495,00. Mas, como alguém sozinho poderia gastar tanto assim com
alimentação em uma única refeição? Talvez não fosse difícil se ele estivesse em
Mônaco ou Abu Dhabi. Mas a trágica história aconteceu em pleno Planalto Central
brasileiro. No cardápio do pomposo restaurante, o prato mais caro é
Bacalhau na Brasa e ele não sai por menos de R$ 199,80. Mas, ainda sim, como o
nobre parlamentar conseguiu chegar ao valor de quase R$ 1.500,00?
Não é preciso dizer que é humanamente impossível
neste caso, que uma única pessoa consiga consumir quase dois salários mínimos
num único almoço, sendo que bebidas alcoólicas não podem ser ressarcidas.
Então, como se chegou a este valor?
Em contato telefônico com o Noel, assessor do deputado,
me foi prometido o esclarecimento do fato no dia seguinte, mas a promessa não
foi cumprida. Antes de publicar meu vídeo semanal no Youtube que abordaria inclusive este
tema, eu entrei em contato com a Câmara solicitando esclarecimentos acerca
deste ressarcimento pouco usual. O vídeo foi ao ar no último dia 29
e neste mesmo dia, a nota fiscal citada “sumiu” do Portal de Transparência da
Câmara. A explicação veio no dia seguinte em forma de e-mail. A Câmara
reconheceu o erro e solicitou ao deputado o ressarcimento ao erário público que
foi prontamente atendido pelo parlamentar. Câmara admite pagamento indevido a
deputado. Porém, tanto o deputado quanto sua assessoria se mantiveram em silêncio,
demonstrando que não há interesse por parte deles de esclarecerem os fatos à
sociedade brasileira e nem mesmo a seus eleitores. Para muitos, o caso poderia
ser considerado encerrado. Mas há fatos nessa história que ainda precisam ser
explicados:
1 – Que tipo de verificação é realizada nos gastos
da Ceap pela Câmara que não identificou este absurdo?
2 – Até que ponto este trabalho da Câmara é
confiável?
A verdade é que esta verba indenizatória é
extremamente mal utilizada. Inúmeros casos envolvendo abusos com o uso deste
dinheiro já viraram notícias aqui no Congresso em Foco e em outros tantos meios
de comunicação. Já houve a “farra das
passagens”, a “farra do cotão”, a “farra da TV por assinatura” e tantos outros
casos que não é compreensível entender como ainda nenhum deputado tenha tomado
a frente para exigir mudanças radicais no uso indiscriminado deste dinheiro
público. Em fevereiro, o Congresso em Foco publicou os gastos
estratosféricos com esta verba na legislatura passada. Foram R$ 753 milhões.
Dinheiro suficiente para erguer 11 mil casas populares ou ainda tirar da
miséria absoluta, um milhão de famílias. Este ano, até agora, a conta já passa
dos R$ 20 milhões. A OPS (Operação Política Supervisionada)
trabalha diariamente levantando dados, cruzando informações e denunciando os
atos “estranhos” e “inadmissíveis” praticados por políticos que, assim como o
Sr. Benjamin Maranhão, não tiveram ao menos a hombridade de se
manifestarem publicamente. Infelizmente muitos outros casos ainda serão, em
breve, apresentados aqui por mim.
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