Gulnaz, 21, ainda luta pelo direito de escolher livremente com quem deseja se casar. A afegã Gulnaz, de 21 anos, conquistou o indulto do governo afegão, mas terá que se casar com o homem que a estuprou e a engravidou. A decisão foi tomada com base na rígida lei islâmica – a sharia – e como meio de legitimar sua maternidade sobre a criança que deu à luz enquanto presa. A jovem havia sido condenada a 12 anos de prisão, sob acusação de adultério, mas teve sua “pena” reduzida para três. O agressor, por sua vez, também será punido. Como ele era casado à época do crime, a justiça afegã o enquadrou como adúltero, o que resultará em uma pena de sete anos de prisão. A única forma de Gulnaz recuperar a honra é se casando com o estuprador. Gulnaz aceitou casar-se por conta de sua filha. Ela ainda corre o risco de sofrer um “assassinato de honra”, que muitas vezes são cometidos pelos próprios familiares ao se considerarem desonrados. Em entrevista à emissora britânica BBC, a advogada de Gulnaz, Kimberley Motley, disse que o desejo da vítima era “poder escolher livremente entre casar ou não com o homem que a agrediu”. Emal Faizay, porta-voz do governo afegão, informou que o ministro da justiça do país participou de uma reunião com a jovem. Ela teria dito, na ocasião, que só aceitaria casar-se com o estuprador na hipótese de seu irmão também se casar com a irmã dele. Cerca de 5000 pessoas assinaram uma petição pela liberdade de Gulnaz. O embaixador da União Europeia no Afeganistão disse se sentir “maravilhado” com a notícia de que ela havia sido solta. Segundo ele, “o caso serviu para destacar o dilema das mulheres afegãs, que, mesmo depois de 10 anos da queda do regime do Talibã, ainda sofrem em condições inimagináveis, privadas até mesmo dos mais básicos direitos humanos”.
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